thais

Thais Guglielme – Sem título, da série  il me semble que je serais toujours bien la ou je ne suis pas 2013 –  garrafa, boneco de chumbo e papel – 3,5 x 10 cm

 

Hora de conferir as ideias e referências dos artistas que passam pela DaP.]

Leia aqui as entrevistas concedidas pelos que estavam presentes na penúltima exposição do edital Arte Londrina 3.

Aguardem as próximas!

 

DENISE ADAMS

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

 

Começa a partir de vários e imprevisíveis caminhos. Às vezes uma situação na rua, um desejo de produzir uma imagem, uma ideia que vem de uma leitura ou uma conversa. Alguma questão que atormenta ou que eu tenha curiosidade de ver mais de perto.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Muitos. Louise Bourgeois, Francis Alys, Cindy Sherman, Leonilson, Helio Oiticica, Lygia Clark… Bachelard, Deleuze, Milton Santos… Por tornarem visíveis pensamentos do mundo com o qual me identifico.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Li recentemente “Walkscapes, o caminhar como prática estética” que foi bem interessante para pensar alguns trabalhos. Atualmente estou lendo O Retorno do Real” de Hal Foster, no grupo de estudos que participo. E as poesias de Manuel de Barros.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

Muita coisa chama minha atenção. Nesse momento específico tenho prestado muita atenção em como as pessoas estão reagindo de forma radical (e quase histérica) às questões políticas do país. Me interesso muito em ver como as pessoas se organizam e vivem nas cidades.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Tenho feito vídeos que de certa forma continuam a olhar sobre os pequenos acontecimentos extraordinários. Também tenho pensado em 2 projetos com fotografia.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

 

Pesquiso sites que tenham a ver com minhas pesquisas, relacionados aos mais variados assuntos. Com frequência, vejo sites de artistas e também de filosofia.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Música feita com qualidade, música boa.

 

QUE EXPERIÊNCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

Talvez a própria experiência de ver arte, ver a produção dos artistas

 

 

 

GUILHERME MARANHÃO

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA? 

 

Em geral os trabalhos estão sempre andando, as fotos acontecem durante desenrolar do cotidiano e ficam engavetadas por longo período aguardando o jeito certo de olhar para aquilo. O trabalho então surge durante a edição.

 

 QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Gosto muito do que o Flusser escreveu. Ele tem um jeito simples que olhar para a relação que a fotografia guarda com o aparelho fotográfico. É um jeito que ajuda a descomplicar essa relação e direcionar os esforços.

 

 O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Gosto muito de biografias. Acabo de terminar A Incrível Viagem de Shackleton de Alfred Lansing.

 

 QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

Desperdício.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Acabo de voltar do Japão. Planejei essa viagem pelos últimos 10 anos. Foram 21 dias explorando templos, santuários e lojas de fotografia. Tenho filmes para revelar desses dias, imagens digitais para editar e câmeras quebradas para reformar. Na verdade, coisas para construir e reformar sobram aqui.
Além disso nos últimos meses tenho me dedicado a ampliar imagens P&B feitas durante os finais de ano entre 1994 e 2014, comecei a separar essa material no início do ano passado e ainda falta ampliar algumas imagens e escanear outras.

 

Também estou me preparando para mais uma apresentação do Lambe-Lambe Quem Você Pensa Que É junto com o Penna Prearo na próxima Virada Cultural de São Paulo.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER? 

 

Gosto de ler o Icônica.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Depende.

 

QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

Em 1993 vi uma exposição do Keiichi Tahara no Sesc Pompéia. Era parte da programação do I Mês da Fotografia do Nafoto. A exposição era composta por duas séries dele e em ambas ele introduziu problemas técnicos nos trabalhos intencionalmente. Lembro vivamente de caminhar pela exposição e da sensação causada pelas imagens.

 

Nesse último fevereiro resolvi incluir um agradecimento no meu primeiro livro, Travessia, para ele. Com tudo conspirando a favor, disparei um e-mail e consegui um encontro em Tóquio para entregar pessoalmente o livro há três semanas atrás. Falamos do nosso gosto por imagens poluídas ou ruidosas.

 

 

 

HÍGOR MEJIA

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA? 

 

Acredito e sei que existem várias vias para o começo de um trabalho. comigo, percebo que a necessidade geralmente vem do cotidiano; do dia a dia, da minha identidade em formação e de uma rede de afetos que vão se ativando e estabelecendo elos ao longo do tempo. Me refiro ao cotidiano levando em conta também as lembranças, os desejos e as inquietações que vão identificando as ferramentas e os elementos / substâncias que possibilitarão: uma expressão, uma experiência, objeto, um trabalho ‘artístico’ / poético existir.

 

Penso que a potência de meu trabalho talvez possa estar também em destacar instantes, tempos, momentos e as moléculas que os envolvem, propondo que se viva e exista como se pode, do melhor jeito e forma possível, cada um a seu modo e em paz, respeitando as sutilezas e adversidades do entorno, buscando acessar a poesia que há na simplicidade e magia de uma brincadeira – como um necessário ato de respiração, e em tudo mais.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Alguns artistas foram fundamentais na minha formação e na expansão dos meus horizontes estéticos poéticos frenéticos existenciais, muitos coexistem comigo ainda, alguns fisicamente e outros por energia. Com uns pude inclusive integrar e desintegrar um Coletivo denominado MANADA (2008-2014). E com muitos outros venho tomando doses e poções de consciência: Hélio Oiticica, Lygia Clark, Os Tropicalistas, o Grupo Fluxus, alguns ícones pelos quais em mim reverberam a Arte Conceitual, Yves klein, Leonilson, Louise Bourgeois, tantos ismos e vanguardas da das…

 

Por diferentes células de mim. Em cada momento dados artistas se destacam aos meus olhos e sentidos, nesse momento Jean-Michel Basquiat tem vibrado bastante. Tenho prcurado entender e descobrir mais sobre sua produção de textos, poesias / esritos inclusive nos espaços públicos de seu convívio. sinto, de suas articulações que preciso beber um pouco mais daí agora.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Tenho lido o pdf de um livro chamado O Poder do Agora – Eckhart Tolle, e acabo de encontrar na rede uma dissertação ( tbm em pdf) de mestrado de comunicação, entitulada: Inscrições Performaticas no Campo Visual das Obras de Leonilson e Basquiat, escrita por SILVIA FLORES PENHARBEL. O primeiro, ainda que inconcluso é muito instigante dele destago as movimentações e possibilidades de percepções e de posicionamentos para se ter o ser / indivíduo humano no mundo, a segunda tese ainda não sei muito dela, espero que seja ótima, rs.  

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

 

Sempre me pego intrigado com os verbos entre os elementos do mundo: os comportamentos, as identidades – a multiplicidade de universos que existe inclusive entre os humanos, e, as janelas que conectam esses universos. Penso nas relações entre as coisas tanto possíveis, visíveis, tangíveis quanto nas improváveis que podemos inventar; nos movimentos das coisas, ainda que não aparentes ou supostamente – com superfícies – estáticas; os tons, as variações de texturas, os dramas as formas… Sempre reconsiderando ou desconsiderando a busca de sentido de muito, e muitas vezes das próprias buscas.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Acabo de concluir um curso sobre Escrita Criativa, estou organizado meus textos – revendo, editando, selecionando e dando mais atenção para essa parte de minha produção; ao mesmo tempo em que: elaboro uma série de pinturas; estudo Danças Urbanas; cuido do espaço físico de uma Vila Cultural, e das necessidades práticas e criativas da Direção de Arte de alguns filmes, além disso, também tenho sido Servente de Pedreiro em alguns períodos comerciais existenciais para ajudar meu pai e movimentar uma grana.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER? 

 

Além de ir reacessando algumas páginas de referências de diversas linguagens que tenho ‘curtido’ no face.. Tenho a prática de seguir o fluxo que um assunto ou movimento interno toma em dados momentos e dias. Gosto de voltar geralmente em um site chamado ornitorrinco.net – uma “Residência de autores que compartilham histórias, ideias e pensamentos contemporâneos, promovendo reflexões sobre o que é viver no mundo de hoje”. 

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Ouço bastante música, muitas vezes dentro do meu próprio repertorio adquirido ao longo da vida, em minha mente, mas geralmente procuro ouvir interpretes mulheres, algumas brasileiras – Karina Buhr, Céu, Maria Bethânia, Malu Magalhães, (Banda do Mar), Adriana Calcanhoto …. Outras.  E outras Mundiais: Nina Simone, Amy Winehouse…  Madeleine Peyroux, Cat Power, Camille Dalmais… etc.

 

QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

Uma vez, tive uma boa experiência ao encontrar na internet a imagem de um trabalho intitulado “Quantos mares cabem em um lápis de cor azul?” (2013), de um jovem artista visual contemporâneo chamado Bruno Kurru. No momento do encontro, por uma sequência cognitiva de formulações simbólicas, me emocionei tanto e de tal jeito que em mim, interna e estranhamente, ativou algo da alma que até chorei. (e eu acho que foi a primeira vez que chorei com uma “tela” – uma obra bidimencional, nesse caso uma imagem virtual – uma composição que inclui desenhos, texto, texturas e superfícies). Bem antes, uma vez, tive vontade de lamber uma pintura do Van Gogh quendo me deparei com ela numa visita ao MASP.

 

JULIANA M M MORAES

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

 

Seja lá o assunto o qual eu esteja a retratar, acredito que o despertar comum de algum dos sentidos – ou de uma mescla deles – me motiva a clicar. Não necessariamente a visão me causa esse desejo, mas os sons, principalmente os ruídos que me intrigam e instigam a buscar de onde partem, e o vento que sopra e corta a roupa. Faz-me querer, de certa forma, materializar as

 

sensações todas do instante em uma imagem. Como um gatilho da recordação à quem faz o clique, as imagens reverberam uma mescla sensorial do momento, sagrando-se a posteriori. E a quem observa, todo o universo que as imagens possam instigar no momento de contemplação está em pauta. Acho que todo trabalho se inicia com uma ampla gama de “sentires” que podem ser por vezes tão simples e imperfeitos, como os ruídos das imagens em 35mm que faço, que por vezes nem nos damos conta.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Poderia dizer que muitos artistas estão presentes entre minhas inspirações, contribuindo para a formação de um repertório artístico em tudo que realizo, de diversas áreas. Especificamente para a minha questão fotográfica, as obras de Roland Barthes foram muito intensas às reflexões pessoais com relação à prática fotográfica, por toda a exploração filosófica que envolve a atmosfera de sensibilidade pungente e profunda, e também paradoxal, que carrega a imagem. Tenho admiração por fotógrafos de estilos muito variados, mas hoje me identifico mais com trabalhos mais ligados à temáticas presentes em suas rotinas, como Nan Goldin e Vivian Maier.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Ando lendo bastante sobre arte de resistência e arte feminista, entre outros assuntos que me transcedem a esfera artística, mas que também relacionam-se com a temática da opressão ligada às duas temáticas anteriormente citadas, como a respeito do ativismo ligada à causa animal.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

Engraçado, que em nossos tempos líquidos, de suspiros fugazes, falácias e barbáries cotidianas, as pequenas obviedades me conquistam a atenção. O carinho, as mãos dadas e as plantas que ainda florescem são alguns dos meus singelos fermentos rotineiros.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

No momento estou selecionando imagens de meu arquivo em busca da criação de novas séries temáticas, relacionadas ao cotidiano e a paisagens. Continuo fotografando com frequência, porém sem uma temática definida, além de produzir objetos utilizando madeira como matéria-prima.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

 

Não tenho uma relação de sites prediletos, os quais visite com frequência, mas creio que navegar pelas infinitas imagens do Flickr esteja entre uma das ações que mais faço na internet, além de acessar sites relacionados à arte, cultura e política, como o Fubiz e o Pitchfork.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Gosto bastante de rock indie, jazz, e de música popular brasileira. Também costumo acompanhar o cenário musical independente nacional, que tem muita coisa boa a mostra por aí.

 

QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

Valorizo muito a experiência artística fora de espaços destinados à arte, como museus e galerias, acreditando que muitas vezes estes espaços podem ser um tanto quanto inibidores à fruição e restritivos. Então me vem à cabeça algumas experiências legais com relação à arte, e uma delas é a participação no projeto Ocupe Carrinho, no qual ocupamos com artes gráficas e plantas os carros abandonados nas ruas de muitas cidades, principalmente de São Paulo – SP. Essa ocupação é artística e política, pois trata-se de um problema crônico o abandono de carros nos centros urbanos, e assim desenhamos uma chamada de atenção à situação. Além disso, de propõe-se a colaboração pública na construção da obra, ao abrir a participação aos transeuntes e comunidade locais. Esse processo envolve também a realização de um material gráfico acerca da intervenção, como vídeos e fotografias do processo. Participo do projeto desde 2013, e com certeza essa vivência me permitiu um outro grau de compreensão acerca da relação do indivíduo com a urbe que os cerca, bem como também redesenhando essa minha relação com a arte em territórios públicos. O website do projeto é este, com fotos e informações: http://www.ocupecarrinho.com/ e no Vimeo estão os vídeos que produzimos: https://vimeo.com/ocupecarrinho

 

 

 

KARINA RAMPAZZO

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

 

Percebo duas maneiras de iniciar um trabalho. A primeira se dá após a registro das imagens. Estas podem seguir um conceito pré estabelecido ou apenas a captação aleatória. Neste grupo de imagens há trabalhos em constante formação que se formam dando corpo a um banco de imagens convergentes. A segunda maneira parte da elaboração mais concreta de um projeto escrito, estudado com maior determinação teórica, dentro de textos ontológicos sobre imagens.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Difícil definir todos eles. Tenho apreço por vários, mas ultimamente tenho me aproximado daqueles que instigam o pensamento da fotografia, como Diana Arbus ou mesmo mais contemporâneo, Abelardo Morell. Miguel Rio Branco e o Coletivo Garapa, no Brasil, são outros que considero e acompanho. Quanto aos teóricos, Baudrillard e Flusser sempre estão circulando meus pensamentos. Gosto da maneira como Mauricio Lissovsky escreve e sempre acabo lendo Norval Baitello, ambos professores e pesquisadores brasileiros.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Tento a dois anos terminar “A história da arte” do Gombrich. Também estou lendo Robert Stam sobre teoria do cinema. “Cem anos de solidão” está na cabeceira esperando ser retomado.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

Desde criança aprendi a observar os detalhes. Acredito que as pequenas ações ou as sutilezas do cotidiano são a força motriz das grandes façanhas. A vida faz mais sentido simplificando.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Tenho um projeto ainda em iniciação chamado “Somos todos paisagem”. O projeto apresentado a Dap em 2014 “Paisagem por dentro” também segue em constante pensamento.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

 

Tantos, mas a revista online Studium da Unicamp é sempre um lugar seguro para leituras mais teóricas. Gosto do Icônica e do Olhavê também.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Muita coisa, ultimamente muita música brasileira.

 

 QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

Quando era adolescente fazia aulas de desenho, a gravura veio mais tarde e, devagar entendia as diferentes maneiras de representar o mundo. Esse começo foi muito importante para mim, entender e reproduzir. Então, na faculdade encontrei a fotografia e tudo fez sentido.

 

 

 

 

 

KEYTIELLE MENDONÇA

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA? 

 

Acho que um trabalho se inicia em “por quê?”, ou melhor, ele é advindo de um incômodo, medo, falta, necessidade, desejo, muitas vezes nem identificado.

 

Mas essa fala talvez já seja óbvia.

 

Comigo acontece por ânsia e medo.

 

“Como”, se refere, a meu ver, a uma questão técnica e daí tem diversas maneiras de começo, como misturar a tinta por exemplo, ou ler um texto, etc.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Deleuze, não porque é meio moda agora, mas porque me toca de forma profunda. De todo modo considero qualquer teórico sério importante, mas os levo comigo desde que meu encontro com eles tenha sido desnorteante ou de extrema compatibilidade. Isso vale também para os artistas, e eu não saberia escolher alguns para citar.

 

Acho que artistas e teóricos se tornam importantes, quando tem algo pertinente para dizer ao “universo” (exagerei talvez), e não somente a eles mesmos. Eu sei que isso é difícil de alcançar.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Não leio muito, há períodos em que determinado assunto me cerca e aí eu leio. Minhas leituras incluem filosofia, biologia, geografia, arte, quadrinhos, literatura enfim, nenhuma coisa específica, o que me torna inexperiente em todas elas. Ultimamente estou lendo o mundo.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

Coisas que me pareçam estranhas, o cinema me apresenta muito disso: Hal Hartley, David Lynch, Win Wenders, Andrei Tarkovsky.

 

Talvez me chame atenção situações específicas, falas, momentos em que a gente sente uma atmosfera suspensa de fato. Ou uma sensação recorrente, de pertencente ao mundo assim como “dono” de um espaço, isso ocorre quando você está muito familiarizado com um lugar, a noção de propriedade neste caso, é a de lugar comum. E esta é uma coisa estranha porque, no meu caso, faz tudo parecer mudar de escala.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Começo a aprender gravura em metal, por enquanto só imprimi. Estou também fazendo um desenho (meio grande demais), que começa com uns protozoários e vai terminar na escuridão. E estou ansiosa para produzir meu primeiro vídeo.

 

Fora isso tem todos aqueles extras que sustentam a gente hahahaha.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?
hahahhaha o Google, youtube, netflix e qualquer site que disponibilize filmes online. #básica

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Ah! Se a pergunta for singular eu vou dizer “The Closest We’ll Ever Get To Heaven” da Molly Nilsson, mas a resposta só vale até daqui uma semana, mudo muito de preferidos.

 

Bom, to adorando poder dizer o que ouço: Molly Nilsson, Neubauten Einstürzende, Johnny Cash, Christa Bell, Planningtorock, Fever Ray, CocoRosie, Vital Farias, Dorival Caymmi, etc.

 

QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

Duas. Aquele vídeo do Qiu Anxiong “O Novo Clássico das Montanhas e dos Mares” (2008) e outro vídeo, do Vasco Araujo “Telos” (2011). Dois momentos em que eu me encontrava sozinha com a obra, e pude ser mais absorvida que o normal e saí de cada uma das salas, como se tivesse sido abduzida. Com o Anxiong em 2011 o mundo se tornou irreal, com Araujo em 2014 eu fui devastada.

 

 

 

RENATO WATANABE

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

 

O trabalho começa quando alguma inquietação surge.

 

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Da Vinci, por tudo que ele conseguiu entender sobre o mundo. Em termos de conceito, gostaria de citar uma obra: o jardim de pedras de Ryoanji.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

“Planos de fuga”, de Tarso de Melo e “o Zen na cozinha”, da Monja Gyoku En.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

As diversas possibilidades que a vida nos proporciona.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Estou finalizando um pequeno livro que trabalha com foto e palavra, chama-se “assim”.

 

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

 

Nenhum em especial.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

 

Gosto de ouvir diversos gêneros musicais. Ultimamente tenho ouvido bastante jazz: Miles Davis, Charles Mingus e Thelonious Monk.

 

QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

A importância de uma experiência artística para mim se apresenta toda vez que vejo (ou produzo) algo que me conecta a novas ideias ou emoções, que me faz perceber o mundo de uma forma mais aberta. Porém, acredito que essa experiência se completa somente quando consigo retransmití-la, seja através da arte ou simplesmente ajudando uma pessoa a atravessar a rua.

 

 

 

THAIS GUGLIELME

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

 

Acredito que um trabalho de arte começa no nosso encontro com o mundo, a partir das relações que podemos estabelecer, quando vemos algo que nos chama a atenção, quando percebemos algo que nos toca, quando sentimos a necessidade de transformar uma experiência em trabalho. Ao meu ver, ter consciência destes pontos de encontro é o primeiro passo para começar.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

 

Tive um importante encontro com dois teóricos que trouxeram grandes contribuições para meus trabalhos. São eles Aby Warburg e Marc Augé.

 

Aby Warburg me ajudou a organizar a minha forma de compreender o mundo. A maneira como conecta as mais diversas esferas me impulsionou a romper com alguns “mitos”que mantinha em relação a arte e saltar uma barreira que vem trazendo diferentes questões e relações que linearmente são difíceis de estabelecer.

 

Marc Augé se fez presente pelo tema dos “não lugares” e clareou muitas questões que trago em relação ao mundo e as relações que nele aparecem. A forma como habitamos e pertencemos é um dos assuntos que me interessa e que permeia alguns de meus trabalhos.

 

Muitos artistas fizeram parte de minha formação e servem como inspiração para meu trabalho. Não sei se conseguiria formular uma lista para citá-los, pois esta seria infinita e talvez injusta. Alguns artistas me provocam pelas questões que discutem, outros pela forma como constroem seus trabalhos, mas como fazem parte, muitas vezes, de relações mais subjetivas, não me sinto a vontade para  editar uma pequena lista, pois acredito que não daria conta de representar o todo.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

 

Acabo de terminar o livro de Murakami, “O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação”. Gostei tanto que comecei a ler a trilogia 1Q84, do mesmo autor.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

 

Que pergunta difícil! Tantas coisas me chamam a atenção…Gosto de observar coisas banais, do cotidiano, a simplicidade e a complexidade de tudo. Sou fascinada por conhecer diferentes culturas e hábitos, a maneira como cada um encontrou para viver e se relacionar com o mundo, as diferenças tão semelhantes que aparecem.  Chama minha atenção que com todas as diferenças e peculiaridades ainda somos pessoas e o que nos move costuma nos unir como seres humanos.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

 

Costumo realizar muitos trabalhos a partir de viagens e caminhadas. De alguns meses pra cá, não tenho tido tantas oportunidades de estar em contato com esse mundo “exterior” que me proponho a explorar, então comecei a traçar o mesmo percurso, mas a partir de expedições em minha própria casa e os limites que estão impostos nessa condição. Venho coletando objetos, pedras, diferentes tipos de terra e outras coisas que encontro para formar novos trabalhos.

 

QUE EXPERIENCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

 

As primeiras experiências de infância foram bastante importantes, quando meus pais me levavam a exposições, espetáculos de dança, teatro e principalmente  o habito de viajar e conhecer diferentes culturas.

 

Estas primeiras experiências foram importantes para que eu descobrisse na arte um meio de comunicação com o mundo e um meio de conhecer os diferentes mundos que habitam dentro do mesmo mundo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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