Entrevista com a artista Lídia Malynowskyj

Lídia Malynowskyj é uma dos 22 artistas participantes da exposição “O espaço sonha o sujeito”, referente ao edital Arte Londrina 3.
Enviamos para ela algumas perguntas para que todos nós possamos conhecê-la melhor e saber mais sobre o seu trabalho e referências:
– COMO UM TRABALHO COMEÇA?
Um trabalho começa a partir de uma temática recorrente e que ao ser desenvolvida trás mais problemáticas e dúvidas do que soluções. São diversas etapas que vão desde a focalização no tema até as diversas tentativas de transcrição desta ideia para a matéria, que no meu caso é a escultura. As vezes o material não responde bem à determinada necessidade e o desafio é justamente pesquisar diversos tipos de materiais e técnicas para atender determinada demanda. Um trabalho começa, mas nunca acaba. Talvez o termo ‘trabalhos’ seja uma designação, no meu caso, de um único apenas, uma problemática que pede para ser repensada diversas vezes, mas de maneiras diferentes e em âmbitos distintos.
– QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?
Apesar de trabalhar dentro da escultura, para mim tudo começo no momento em que conheci os pintores impressionistas. Principalmente a sobreposições de cores de Monet, lembro-me de questionar, ao presenciar uma de suas pinturas, como ele fazia aquilo que achei ser mágica. De perto um borrão, de longe uma flor.
Tenho uma afinidade muito grande a determinados artistas que trabalham com a percepção humana em relação à natureza como Richard Serra, James Turrell, a dupla Christo e Jeanne-Claude e Olafur Eliasson. São artistas que trabalham em escalas gigantescas e colocam a prova a capacidade dos artistas em transmitir ou incitar no espectador determinada percepção ou sensação. Um exemplo é James Turrell, ele comprou um vulcão para desenvolver um de seus projetos mais audaciosos, o Roden Crater, sobre a percepção da luz, espaço e o tempo. Tem coisa mais legal que isso? Ele tem um vulcão!
– O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO NO MOMENTO?
Paisagens do medo de Yi-Fu Tuan
– QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?
Tudo relacionado às forças da natureza como vulcões em erupção, abalos sísmicos, furacões, tsunamis, chuva de meteoros e etc. São eventos intrigantes para serem vistos de longe, porém chamam minha atenção.
– O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?
No momento estou em fase de testes sobre a temática de lagos e lagoas, principalmente em relação à topografia dos seus solos. Mas talvez não dê certo, não sei.
– QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?
Eu gosto do site da NASA, não entendo nada sobre astronomia, mas adoro as imagens de satélite feito da Terra e de outros lugares do espaço. Também assisto com frequência os vídeos do TED Talks.
– QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?
Rock, alternativo…ou o que eu acho ser rock.
– QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ E PARA SUA CRIAÇÃO?
Participar de uma residência artística fora do país e junto com artistas do mundo todo foi algo único e o que abriu meus horizontes e propiciou um novo olhar para minha produção. Este foi o momento em que pude experienciar diversos tipos de técnicas e materiais sem a preocupação de definir algo, apenas mantive minha cabeça aberta para os pequenos detalhes do dia a dia e que de certo modo reverberaram por muito tempo na minha pesquisa. Acredito que todo artista pelo menos uma vez na vida precisa passar por algo parecido.